Em artigo de opinião publicado no Dinheiro Vivo, Patrícia Agostinho, Senior Manager da área de Team Building da Neves de Almeida HR Consulting, fala da importância da empatia na vida profissional e do seu impacto nas organizações.
Gosto de ouvir música, mas não sou de todo uma expert no tema. A maior parte das vezes não sei quem interpreta uma canção e confesso que, a funcionalidade do rádio do carro que me vai dizendo o que estou a ouvir é algo que adoro.
Dou valor, sobretudo, às mensagens que as canções transportam nas suas letras, mais ou menos leves, com mais ou menos conteúdo, mas que me levem a pensar sobre o tema, a refletir, a sorrir.
E foi isso que senti na passada semana quando ouvi, a caminho de Lisboa pela manhã, a música que a Carolina Deslandes gravou para atuar no “Colors”, uma plataforma de música que reúne diversos artistas a nível mundial.
O poema é cru, as palavras são difíceis de dizer em canção, mas fazem-nos, efetivamente, perceber e viver o tema da empatia.
Nos últimos 18 meses empatia deve ter sido das palavras mais referidas (depois de “estás em mute”!). Em tempo de pandemia, o facto de nos colocarmos no lugar do outro, de nos tentarmos identificar com a sua situação para percebermos o seu comportamento, foi muito explorado. Muito se falou sobre o não julgarmos sem tentarmos entender, sem percebermos o que a outra pessoa está a passar, muito se falou sobre como devemos desenvolver a empatia pelo outro.
Mas será que entendemos bem o que significa? A Carolina Deslandes, de uma forma explicada e bem articulada (a forma como diz as palavras “arrepia-me”) revela-nos o que é ser empático e o que podemos fazer se queremos um mundo melhor: não escrever empatia só para aparecer, ser empático é comparecer; é sofrer por ver alguém sofrer, é a ferida no corpo do outro que insiste em doer.
É fundamental que percebamos que esta é uma capacidade que devemos ter na nossa vida pessoal, mas muito na nossa vida profissional. Se fizermos um esforço por compreender o outro que trabalha connosco, por sentir o que está a sentir, se estivermos lá para ajudar, vamos todos trabalhar melhor.
Das variáveis mais valorizadas pelos colaboradores nas organizações é o ambiente que se vive. Para tal, as condições físicas são importantes, mas são as pessoas, os colegas e as chefias, que fazem a diferença. E se todos desenvolvermos este nível de compreensão, tudo corre melhor.
Shola Kaye, especialista em comunicação, defende que a empatia se treina e que as empresas devem encorajar e dar ferramentas aos seus colaboradores para escutarem e entenderem os pontos de vista e emoções dos que consigo trabalham. Ter uma cultura de comunicação aberta e transparente, valorizar perfis de humildade e coragem, promover momentos de escuta efetiva entre as equipas. Queremos que as pessoas se liguem umas às outras e queremos ajudá-las a sentirem-se ouvidas. Embora a empatia por si só não seja provavelmente suficiente para salvar o dia, é fundamental termos pessoas corajosas e empáticas que estejam preparadas para serem os catalisadores que resultam numa mudança duradoura e sistémica dentro das nossas empresas e instituições.
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