Em artigo de opinião publicado no Dinheiro Vivo, Cila Soares, Senior Consultant da área de Team Building da Neves de Almeida HR Consulting, explica como se pode agir de modo a que as equipas não percam a sua essência devido ao trabalho remoto.
Estarão as equipas a perder a sua essência?
Há mais de um ano que vivemos tempos difíceis, sem precedentes, causados pela pandemia. Se as pessoas sempre foram a peça chave das organizações, hoje mantêm-se como o centro das atenções. A forma como se adaptaram às ferramentas digitais, a maneira como se reinventaram a trabalhar com os filhos no colo, a superação de um clima de medo e ao mesmo tempo tentar manter a motivação e ser resiliente quer no mercado de trabalho, quer no seio familiar, são uma constante nestes tempos.
Os desafios pelos quais todos passámos deixaram marcas na sociedade, mas também nas equipas de trabalho. Todos acabámos por estar mais isolados, fomo-nos afastando dos colegas que acabam por não estar a trabalhar connosco diretamente. Também o sentimento de pertença à equipa e à própria organização tem-se perdido.
Não podemos deixar que as pessoas não estejam “engajadas” com as organizações. Cabe a cada um de nós fazer a sua parte. Todos os que fazem parte de uma equipa devem, mesmo que de forma remota, criar ligações com os colegas. Partilho alguns exemplos simples:
– Liguem-se, com a webcam ON – foquem-se no outro durante esse momento;
– Não deixem passar os momentos festivos, as datas de aniversário, o que já faziam antes e porque estamos distantes deixámos de fazer;
– Estabeleçam o contacto com o outro para ajudar a ultrapassar desafios, ou para partilhar os sucessos alcançados;
– Enviem mensagens a colegas (fora da sua equipa), só para saber como estão;
– Partilhem atividades que tenham feito, para incentivar os outros a viverem também experiências seguras.
Também os líderes têm, mais do que nunca, um papel absolutamente preponderante na forma como gerem as suas equipas. Também eles tiveram de se reinventar e encontrar novas formas de, perante uma situação adversa e à distância, procurar manter as equipas motivadas.
Na maior parte das organizações, certamente que o atual modelo de trabalho, em regime 100% remoto, não deverá perdurar, mas não há dúvidas que, doravante, as pessoas vão procurar um modelo híbrido, com alguns dias no escritório e outros em casa, pelo que os desafios com que hoje as lideranças se deparam, vieram para ficar.
As ações de Team Building hoje revelam-se fulcrais, como metodologia que permite manter as equipas ligadas, adotarem metodologias de trabalho colaborativas, mas, sobretudo, ajudarem os colaboradores a manterem o sentimento de pertença, o tal “vestir a camisola”, que é o fator determinante para garantir o envolvimento, a entrega e felicidade de cada um em relação à organização. De outra forma, passaremos a manter relações meramente transacionais com as entidades com as quais trabalhamos, o que fará com que estas deixem de ser um corpo de pessoas que comunga de uma mesma cultura e de objetivos comuns, para se tornarem numa soma de “prestadores de serviços”, em que cada um entrega a sua parte, em troca de uma compensação.
Em suma, se não existir um vetor estratégico por parte das empresas e dos seus líderes em trabalhar o desenvolvimento e o engagement das suas equipas, estas poderão vir a perder a sua essência, isto é, o que as distingue.
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