Em artigo para o Dinheiro Vivo, Pedro Rocha e Silva, CEO da Neves de Almeida HR Consulting, fala de um dos principais desafios que as empresas atualmente enfrentam: a atração e retenção de talento.
Empresas têm de atender ao “bem-estar e equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, porque são fatores que as pessoas valorizam”, defende Pedro Rocha e Silva, CEO da consultora de recursos humanos, Neves de Almeida.
O desafio de atrair e reter talento que se faz sentir no mercado de trabalho leva a que os profissionais saiam a ganhar, com uma maior preocupação das empresas em encontrar mecanismos e formas de tornar mais aliciante o desafio que propõem, defende o CEO da consultora de recursos humanos Neves de Almeida. “Com a escassez de mão-de-obra, a capacidade negocial do talento é maior do que a das organizações”, afirma Pedro Rocha e Silva, em entrevista ao Dinheiro Vivo.
As grandes questões levantadas pela escassez de mão-de-obra são, segundo o executivo, “o que é que a organização pode oferecer às pessoas para se juntarem à equipa” e, por outro lado, “o que é que se pode fazer para que os atuais colaboradores se sintam felizes e realizados a trabalhar na empresa”. No entanto, com os novos modelos de trabalho estimulados pela pandemia, nomeadamente o regime remoto, em que não importa “o onde e o quando”, estas tarefas “não são assim tão fáceis”, explica o CEO.
Apesar de não ser transversal a todos os setores, o tema da oferta e da procura é dominante em determinadas áreas, desde perfis mais operacionais aos mais especializados. “Estamos a atravessar um momento em que existe necessidade de recursos e em que as necessidades são maiores do que aquilo que o mercado é capaz de alimentar”, observa Pedro Rocha e Silva. Funções de tecnologias da informação (IT), assessoria financeira e marketing são alguns dos exemplos.
O teletrabalho é “um caminho irreversível”, na opinião do gestor. Este regime veio intensificar ainda mais o desafio da atração e retenção do talento, no sentido em que qualquer pessoa pode trabalhar para uma empresa estrangeira sem sair do seu país – e, com salários mais competitivos no mercado externo, há um maior risco de migração de talento. Como consequência, as organizações nacionais começam a olhar além fronteiras para determinadas áreas, especialmente em IT.
A pandemia veio não só fazer com que as organizações alterassem as suas perceções de negócio, como também veio alterar os perfis do trabalhador de que necessitam. Ficou uma lacuna entre “o que é que nós temos e o que é que nós precisamos, face àquilo que é a nova realidade de negócio”, explica o CEO da Neves de Almeida.
“A evolução da procura por perfis diferenciados e com foco em determinadas especificidades foi acelerada pelo contexto pandémico”, afirma o gestor. Resiliência, proatividade, inteligência emocional, adaptabilidade, capacidade de influenciar e criar ligações com os diferentes intervenientes são agora competências valorizadas em todos os setores. “Depois, existem as intemporais, como a capacidade de liderança, trabalho de equipa e criatividade”, acrescenta.
Mas, quais são afinal as soluções para este clima de escassez de talento? Pedro Rocha e Silva diz que a resposta está na gestão de pessoas. É urgente que as empresas passem a dar atenção a temáticas emergentes como “a do bem-estar e do equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, porque são fatores que as pessoas valorizam”.
De acordo com os resultados do Índice de Excelência, no qual participa a Neves de Almeida, o sentimento de realização perante a profissão e o bom ambiente de trabalho são os fatores que os colaboradores mais valorizam. Outro aspeto reforçado neste índice foi o das ações de team building – os profissionais consideram que as empresas devem investir em ações que promovam coesão e envolvimento da equipa. Também os temas clássicos da compensação, benefícios e formação profissional foram referidos.
Com as pessoas “cada vez mais no centro”, as empresas têm de perceber se os colaboradores estão satisfeitos, “ouvir o que estes valorizam e ir ao encontro dessas necessidades”, explica o executivo, acrescentando que “fechar os olhos a estas áreas só dificultará mais a questão da atração e da retenção”. “Este é o único caminho para que as empresas sejam bem sucedidas neste sentido”, sublinha.
A integração de refugiados em postos de trabalho no país é uma oportunidade para preencher a escassez, com a qual as empresas estão “a lidar com fortes expectativas e interesse”, diz Pedro Rocha e Silva.
O responsável considera que vai haver uma grande disponibilidade das empresas para acolher estes profissionais (especialmente os qualificados) em vários setores, como a hotelaria, turismo e construção. “Há apenas que saber alocar os perfis às funções certas”, ressalva, comentando que espera que não se repita a situação de há uns anos, “em que claramente havia um desajustamento daquilo que eram os perfis que vinham”.
Questionado sobre como perspetiva o mercado laboral em 2022, Pedro Rocha e Silva garante que o foco das organizações vai ser fazer tudo o que seja possível para atrair e reter talento.
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