Em artigo de opinião publicado no Dinheiro Vivo, Helena Ravara, Partner da Neves de Almeida HR Consulting, fala da importância da fase de acordo do pacote remuneratório num projeto de Search e dos principais cuidados a ter por parte do candidato.
“Parabéns!” Se é o candidato escolhido depois de um processo de recrutamento e seleção, conduzido por uma empresa de Search, isso significa que é um dos melhores profissionais do mercado na sua área, o que mais se adequa aos objetivos da empresa para a posição e que melhor se poderá enquadrar na sua cultura.
Porém, depois de lhe dizerem que é o candidato escolhido, vem a fase de acordar as condições de remuneração, o que muitas vezes é “campo minado”, se ao longo do processo de recrutamento não se forem acautelando os seguintes aspetos:
O que é que aufere atualmente? Esclareça não só o que é o seu salário fixo, como variável / bónus, regalias sociais como seguros, viatura, ações ou stock options da empresa, e outros benefícios relevantes.
Não tente “inflacionar” ao dizer o que são os seus valores atuais, pois não só pode afastar irremediavelmente um projeto que o interessa, como arrisca-se a que se descubra que está a mentir (o mercado português é pequeno e uma boa empresa de search, em geral, acaba por ter informação do que são os salários usualmente praticados) e tal quebra a confiança necessária para que haja contratação.
Caso tenha, indique quais são as suas expectativas de compensação. Indique se tem um “valor mínimo” na cabeça, ou há um intervalo de valores que possa estabelecer.
Clarifique o que são os seus fatores de motivação para a posição e para a empresa que lhe estão a apresentar, e em que medida o interesse pelo projeto impacta nas suas expectativas salariais.
Depois de receber uma oferta salarial da empresa, é natural que queira analisá-la e até consultar pessoas relevantes para si, mas não deixe de falar abertamente com a empresa de recrutamento e seleção sobre as suas primeiras impressões.
Olhe de forma realista para o que lhe estão a propor, a percentagem de incremento face ao seu salário atual e o que tardaria a chegar a esse nível na empresa onde está.
Portugal é um país de fortes assimetrias salariais, em que o salário para posições idênticas varia fortemente consoante a empresa. Se possível, pode tentar recolher informação sobre o que são salários para essa função em empresas que realmente sejam comparáveis.
Volte a pensar no que são os seus fatores de motivação, os seus projetos no curto e no médio prazo e, em que medida a posição e/ou a empresa em questão lhe poderão dar resposta. Tal levará a olhar para a oferta que lhe fizeram numa perspetiva que vai para além da compensação imediata.
Se houver pequenas retificações que gostaria de fazer, peça ajuda à empresa de recrutamento e seleção, para perceber se poderão ser atendidas pela empresa contratante, mas não diga que estava à espera de um incremento “à la Ronaldo”, isso não acontece na grande maioria dos casos!
Se for para negociar, faça-o com sensibilidade e bom senso. Lembre-se que a sua imagem pode ficar negativamente afetada, não só junto da empresa que o pretende contratar, como junto da empresa de pesquisa direta (o que pode limitar acesso a oportunidades futuras).
E, por fim, evite andar entre a sua atual empresa e a que o quer contratar com propostas e contrapropostas, seja coerente e íntegro; uma motivação económica é lícita, mas, na verdade, ninguém gosta de contratar “mercenários”!
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